lyrics
Correria
“Para que a escrita seja legível, é preciso exercitar a mão, e conhecer todos os caracteres.
Mas para começar a dizer alguma coisa que valha a pena, é preciso conhecer todos os sentidos desses os caracteres, e ter experimentado em si próprio todos esses sentidos,
é ter observado no mundo e no transmundo todos os resultados do que se experimentou.”
Gris,dois mil e foda-se
direto da cidade cinza
em algum bueiro perdido por aí.
ESCREVENDO COM SANGUE!
"Sobre a rotina incessante, sobre o trabalho
sobre tudo aquilo que a gente odeia
sobre todo esforço que a gente tem que fazer, pra poder fazer coisas que a gente detesta
sobre como viver nessa cidade ou em qualquer outra
qual é o melhor caminho a seguir?
não sei, o que serve pra mim de repente não serve pra você
enquanto eu penso, eu escrevo com sangue."
O trem carrega milhares de corpos pra outro turno
no furdunço dessa urbe que sempre esteve de luto
mais tamo junto, amassados com a cara no vidro
quem fica puto, aperta primeiro o gatilho
Fora do trilho, no corredor a milhão
fazendo as RD gritar, vacilão abre a porta
e agora os correria também tem que aprender a voar
Uma corrida sem destino, sem vencedor, sem prêmio de incentivo
fazendo o jogo de cartas marcadas ser cada vez mais instintivo
efeito retroativo, amarra o cão mas não abafa o seu latido
O momento é cada vez mais decisivo
a sentinela mosca e a gente aposta no estilo felino
é intrigante, a gente tenta sair a todo instante
no fim da linha respiração ofegante, muito mais adiante
depois que abaixa a espada
vermes rastejam no chão procurando diamante
Vertigem, fumaça e a hora não passa, o tédio constata
minha pilha fraca, os coxinha embaça e o céu desaba, carrego a carcaça bala fura a couraça
e bate o ponto, pontual como ampulheta
até o sol aqui parece que anda mais lento
Igual reforma agrária, agrada o coronel, cheio de ódio por dentro.
"desconfie, desconfie o tempo inteiro
desconfie de falsas lideranças, desconfie de verdades absolutas
e pense que sempre existe uma outra forma de se fazer as coisas,
uma outra forma de se relacionar, que merda seria se só existisse uma forma"
Madames arrogantes com pressa a caminho da clínica pra esticar a cara
em seu spa, destrata quem guarda seu carro
mas se sente melhor depois de outra xícara de chá com açúcar mascavo
Seres feitos de carne e sangue, igual eu e você
mas assim como tantos seres da espécie
se escondem de suas fraquezas dentro de outra prece
Ou seja,nossa anatomia similar não significa absolutamente porra nenhuma
Na boca sangue e saliva, São Paulo tem cheiro de tinta, entre outras coisas
também fede a corpos tocados com pinça
os mesmos corpos aonde o legista encontrou todas as suas balas perdidas
a hiena te convida, pra mergulhar nesse pântano sem saída
Aplaudindo feito focas amestradas, cinzeiro cheio, nem consegue subir a escada
rancor e depressão embalam essa jornada
família nuclear dentro do seu próprio jogo, sem mata, se mata, se mata.
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