lyrics
O bosque
"Dedicado a todos os bosques perdidos nessa cidade podre,
a todos os bosques que resistem e a todos aqueles que andaram com os pés sujos de barro
só quem é vai entender o que eu tô falando, quem não...paciência...”
Bem vindos a selva, ou pelo menos o que sobrou dela
meu melhor esconderijo em meio a guerra
com o suor na cara e meus pés sobre a terra
tranquilo em meio ao esquecimento
nesse bosque que há muito briga contra o cimento
Meu fiel aposento, fugindo do envenenamento
quem diria que depois de tanto tempo eu voltaria pra cá
pra ver o céu pintado de negro
me lembro de tantos momentos
Onde pouca coisa importava, completamente distraído correndo na mata
roubando banana e dando risada
ei dona Maria, empresta a mangueira pra gente tomar água
e quando a chuva caía, ah quanta alegria
Às vezes me perdia na imensidão dessa floresta, sem saber quanto tempo o encanto perduraria
livre e descalço sem me preocupar com o mormaço, arame farpado, limite que eu sempre ultrapasso
Minha imaginação voava pelo espaço
nessa época eu nem sabia o significado da palavra marasmo
e eu achava que existia uma bruxa naquela casa jamais penetrada
a gente se deliciava, ameixa, amora, morango,goiaba
tudo de graça ao som das vacas
E das madrugadas na calçada, muita história foi contada
sobre o padre fantasma, minha curiosidade sobre o bosque só aumentava
mas infelizmente nesse vale, não tem riacho mas tem piscina
como? eu não sei, só sei que lá eu nadei
no cipó me pendurei
sem pai nem mãe nem lei
Meu parque de diversões, quantos e quantos verões eu passei
cantando os mesmos refrões porque o verde ainda vive dentro de nossos corações
(ref)
Respira, respira e sente a brisa que amanhã a gente não sabe se o dia brilha
respira, respira e enche o pulmão de ar que fortalece a matilha
respira, respira que você evita de tomar aquele monte de pastilha
não vira, pra quem torce pro touro, essa é a melhor saída
No quintal da minha casa, compasso marcado pela enxada
pela periferia rodeada, posso sentir o cheiro aqui da minha sacada
o cemitério de índio como a lenda urbana dizia
toca das ratazanas e das macumba da vizinha
Animal planet aqui, nunca trouxe turista
o ser humano especista, em tranquilizar minha ira o verde é especialista
a trilha leva pra pista, estamos fora da lista
então despista o fascista que habita
Essa planíce de "istas" e "ismos", a máquina dispara identidade a esmo
que se agarrem a elas aqueles que ainda tentam definir a si mesmo
no sol ou no sereno, os insetos fertilizam o terreno
espero que não se extinga, levo uma folha de urtiga na minha língua
Tô aqui no veneno é comigo memo o bosque faz clarear
já passa de novembro, a falta de um bom tempo mas o bosque faz clarear
O bosque faz clarear.
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